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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cirurgia Ortognática

Você se considera bonito? Ou melhor, quais parâmetros você avalia antes de julgar se alguém é bonito? Pode-se definir beleza como um estado de harmonia e equilíbrio das proporções faciais, estabelecidas pelas estruturas esqueléticas, pelos dentes e pelos tecidos moles. A simetria está diretamente relacionada a beleza. Graus suaves de assimetria facial são encontrados normalmente na população em geral e usualmente não são perceptíveis esteticamente ou funcionalmente. Desta forma, as assimetrias tornam-se importantes quando afetam a função e/ou estética do paciente.
As deformidades dento-faciais afetam aproximadamente 20% da população, podendo os pacientes com estas discrepâncias apresentarem vários graus de comprometimento funcional e estético. Assim, malformações podem surgir isoladamente em um maxilar ou podem se estender para diversas estruturas crânio-faciais. Elas podem ocorrer uni ou bilateralmente e podem ser expressas em graus variados nos planos faciais vertical, horizontal e transversal (FONSECA et al., 2000). Vários fatores durante a fase de crescimento do indivíduo podem causar discrepâncias de tamanho, posição e forma das estruturas envolvidas: funcionais, esqueléticos, dentários ou a junção de todos. O diagnóstico dessas deformidades deve basear-se na anamnese, avaliação da história médica e odontológica prévia, exame clínico e radiográfico, análise de modelos, idade óssea e, em casos específicos, além de outros exames complementares como a cintilografia óssea. (FONSECA et al., 2000). Diante das inúmeras características que alteram o sistema estomatognático e suas funções como mordida, mastigação, deglutição, respiração, fonação e articulação e ainda a estética, pacientes que apresentam desproporções maxilomandibulares recorrem a um meio eficiente de tratamento, que é a cirurgia ortognática. A cirurgia ortognática é assim denominada por constituir-se de técnicas de osteotomias realizadas no sistema mastigatório com o objetivo de corrigir as discrepâncias maxilares e, por conseguinte, estabelecer o equilíbrio entre a face e o crânio. Pessoas com desarmonias faciais enquadram-se em um dos seguintes grupos:

Grupo I: Caso puramente ortodôntico, não há discrepância esquelética! O tratamento é feito basicamente com alinhamento e nivelamento dos arcos ou ainda com a técnica de stripping (desgaste interproximal dos dentes visando ganho de espaço). Eventualmente há uma correção na curva de Spee.

Grupo II: Apresenta discrepância óssea leve ou moderada, borderline cirúrgico. O paciente tem padrão facial e esquelético levemente alterado e oclusão alterada. O tratamento pode ser realizado com ortodontia ou com ortognática.

Grupo III: Há grande discrepância esquelética, tratamento ortocirúrgico sempre. Características: discrepâncias ósseas moderadas a severas, mal oclusão compensada instalada, dificuldade mastigatória, estética, fonéticas e respiratórias, comprometimento psicológico.

O sucesso do tratamento depende da identificação da etiologia primária e de um tratamento conjunto aliando a ortodontia e a cirurgia. Deve haver uma cumplicidade entre paciente e profissionais para que o objetivo proposto seja alcançado.

A cirurgia ortognática é um tratamento que não se resume apenas ao ato cirúrgico e sim a um trabalho prévio de preparação de 18 a 24 meses, onde estará incluído o tratamento ortodôntico, fonoaudiológico e psicológico. Realizada a cirurgia, segue o tratamento ortodôntico por mais 8 a 12 meses para os ajustes finais e o acompanhamento dos outros profissionais por tempo indeterminado.

Algumas perguntas frequentes:

Qual é a melhor idade para realização do tratamento cirúrgico?

A cirurgia ortognática é normalmente realizada durante a adolescência ou na fase de idade adulta. Contudo, ela poderá ser realizada em crianças portadoras de grandes deformidades.

Quanto tempo leva a cirurgia?

Normalmente uma cirurgia de mandíbula ou maxila isoladas levam de 2 a 4

horas. Procedimentos combinados maxilo-mandibulares requerem mais tempo, em torno de 5 a 6 horas de cirurgia.

Quanto tempo será necessário para voltar a comer normalmente?

Os procedimentos cirúrgicos envolvem uma situação de nova posição dos dentes e de sua manutenção por meio de anéis e elásticos. Esta situação é mantida até a cicatrização óssea, que ocorre entre 6 e 8 semanas. Ao final deste prazo o paciente pode voltar ao regime normal de alimentação. Durante os primeiros dias, o paciente recebe apenas alimentos líquidos.

O rosto fica muito edemaciado após a cirurgia?

Isso varia muito de paciente para paciente e geralmente é maior nos procedimentos envolvendo a mandíbula. Após 3 semanas ocorre a total regressão do quadro.

A cirurgia ortognática é um procedimento que pode promover uma melhora de modo significativo na qualidade de vida das pessoas portadoras de deformidades dentofaciais, melhorando a auto-estima, mastigação e fonação. Entretanto, complicações podem ocorrer, sendo as principais de ordem física e psicológica. A parestesia e a dificulde em ajustar-se com a nova aparência são as mais comuns. Portanto, é recomendável que o cirurgião e o ortodontista discorram o mais detalhadamente possível sobre os dados envolvendo casos orto-cirúrgicos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Olha meu dente Dr. #12!

Chicletes sem Açúcar

Foi-se o tempo em que o chiclete merecia a condenação absoluta dos pais, professores e dentistas. Depois que o açúcar começou a ser retirado de algumas marcas, sua condição de ameaça à arcada dentária passou a ser revista pela ciência. As novas versões desprovidas do ingrediente não só evitam alimentar a bactéria da cárie como contribuem para a proteção natural dos dentes. Nos últimos anos, já chegaram ao mercado até produtos enriquecidos com uma substância que fortifica esse escudo bucal, chamada recaldent – um suplemento à base de cálcio e fosfato que aumenta o poder de remineralização da dos chicletes.

Muita calma, porém, antes de mascar qualquer chiclete com a pretensão de conservar o sorriso. Os com açúcar — e eles ainda imperam nas prateleiras — continuam um perigo para a dentição se consumidos em excesso e aliados à falta da dupla escova e fio dental. Dado o aviso, podemos saborear o poder preventivo das gomas sem açúcar. Elas estimulam a produção de saliva, líquido que tem um papel muito importante no controle da cárie.

O dentista Marcelo Bönecker, da Universidade de São Paulo explica que “quando comemos, o pH da boca fica ácido e, para compensar esse desequilíbrio, o esmalte dentário perde minerais como cálcio e fosfato para o meio bucal”. Isso torna o dente mais suscetível a ataques bacterianos. Contudo, quando se mastiga um chiclete livre de açúcar, uma quantidade considerável de saliva vem à tona e, nesse caso, o líquido contém moléculas de cálcio e fosfato de sobra. “Os estudos mostram que, com esse fluxo elevado, a dentição deixa de ceder minerais, e isso ajuda a prevenir cáries”, diz Bönecker. E os benefícios não param por aí: existem indícios de que esse aumento do fluxo salivar, por incentivar o processo de remineralização do esmalte dentário, acabe erguendo uma muralha mais rígida contra os micróbios.

A goma pode se grudar a restos de alimentos e ajudar a eliminá-los dos dentes. Apesar de tanto benefício, temos que recordar que os chicletes não substituem a escovação nem desalojam cáries já instaladas. Eles não devem ser consumidos todo dia, mas são úteis quando o indivíduo está sem a escova por perto. O ideal, portanto, é que o mascar ocorra imediatamente após o fim da refeição ou, por exemplo, depois de um doce no meio da tarde. No entanto, sempre que houver condições, vale a pena fazer a higiene com a escova, a pasta e o fio.

Algumas pessoas, porém, precisam apreciar a guloseima com bastante moderação, como crianças pequenas e portadores de gastrite ou disfunção temporomandibular, a DTM. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Amálgama de Prata x Resina Composta

Muitos pacientes procuram os consultórios odontológicos com o objetivo de trocar as restaurações de amálgama por resina composta. Isso é possível? Sim, mas se você deseja trocar suas restaurações antigas exclusivamente para fins estéticos é melhor repensar!

O amálgama é toda liga metálica em que um dos metais envolvidos está em estado líquido, sendo esse geralmente o mercúrio. No caso do amálgama utilizado pelo dentista, trata-se de uma liga que contém limalha de prata, mercúrio e estanho, podendo conter também zinco e cobre.

O amálgama foi por muito tempo o material de escolha para os dentes posteriores. Atualmente, o material não é bem aceito pelo paciente por ser da cor prata. Pela falta de conhecimento das vantagens do material, muitas pessoas acabam influenciadas por profissionais mal esclarecidos ou mal intencionados e não pensam duas vezes antes de trocarem suas restaurações pela “massinha branca”.

Então, quais são as vantagens do amálgama?

Quando comparado às resinas compostas, apresenta:

  • Custo relativamente baixo;
  • Alta resistência mastigatória e resistência ao desgaste;
  • Maior durabilidade (10 a 20 anos em média);
  • Facilidade de execução da técnica restauradora;
  • Menor infiltração marginal com tendência a diminuição (corrosão marginal proporciona um melhor vedamento da cavidade);
  • Menor reincidência de cárie (condicionada à adaptação marginal).

Desvantagens do amálgama:

  • Antiestético;
  • Presença de mercúrio na composição (potencialmente tóxico ao profissional e ao paciente);
  • Necessidade de cavidades retentivas, com maior desgaste dentário (não há adesão do amálgama ao dente);
  • Liga sujeita a corrosão, implicando em pigmentação indesejável da estrutura dentária;
  • Necessidade de 2 consultas (o polimento deve ocorrer 48 horas após a condensação do material na cavidade).

Em relação a toxicidade do mercúrio é indiscutível que este elemento é altamente poluente e que acarreta importantes danos à saúde. Contudo nada foi atestado em relação a contaminação de dentistas, auxiliares e pacientes quando corretamente manipulado, a não ser realmente aquelas pessoas sensíveis ao mercúrio.

E as resinas compostas?

Os materiais resinosos, além da estética mais favorável, possuem adesividade, ou seja, a estrutura do dente pode ser mais preservada, além de não apresentar mercúrio. Além disso, a restauração pode ser concluída em uma única sessão.

O que avaliar?

Não se pode afirmar qual é o melhor material restaurador! Cada caso exige uma avaliação do profissional e uma técnica mais apropriada para a situação clínica e para o paciente!
Observar:
  • Estética exigida;
  • Saúde do dente;
  • Extensão e localização da restauração ou da cárie;
  • Hábitos de higiene do paciente.

Se você apresentar restaurações antigas e quiser substituir, pondere as razões, o custo-benefício e a necessidade!

A troca deve ser feita sempre que houver fratura, infiltração na restauração antiga ou presença de cárie!