Incomodado com alguma irregularidade presente no sorriso ou impulsionado apenas pelo desejo de aprimorar a aparência deste, um número cada vez maior de pacientes buscam por procedimentos estéticos e cosméticos nos consultórios odontológicos. Esses pacientes almejam alcançar um sorriso perceptivelmente harmonioso e agradável. Para criar um sorriso atraente, diversas especialidades da Odontologia utilizam um conjunto de normas e padrões de beleza que norteiam o diagnóstico e planos de tratamentos nos procedimentos estéticos. Os conceitos atuais de estética estão voltados para o equilíbrio entre beleza e harmonia sendo muitas vezes subjetivos, variando de acordo com os indivíduos, culturas, etnias, localidades, etc...Vários fatores devem ser considerados quando analisamos criticamente um sorriso, dentre estes podemos destacar: a idade do paciente, anomalias de tamanho e forma, formato do rosto, lábios, cor e presença de espaços anteriores. Mas compreender as expectativas relativas ao que é beleza para o paciente torna-se muito difícil para o Cirurgião-dentista, pois a percepção estética é permeada por emoções e valores culturais
A percepção de proporções é uma boa maneira de se executar essa tarefa. Embora não seja definitiva e impassível de erros, pode se tornar uma maneira facilitada de observar e compreender os erros e acertos que a leitura das proporções dentárias e faciais guardam entre si. Nesse contexto, a utilização de diagramas viria ajudar e facilitar o entendimento do que está sendo visto, buscando através de enquadramentos e comparações o que pode estar em acordo ou desacordo com o conjunto que está sendo observado.
DIAGRAMA DE REFERÊNCIAS ESTÉTICAS DENTÁRIAS (DRED)
O Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED) define o que deverá ser criado ou alcançado com os dentes ântero-superiores. A finalidade desse diagrama é dar uma noção exata dos posicionamentos e proporções que os dentes guardam entre si e também a relação desses com a gengiva e os lábios. Esse diagrama é constituído de seis caixas que englobam os incisivos e caninos superiores; e os seus limites irão ser específicos para cada referência estética. A sua utilização facilitará o planejamento e a visualização do melhor posicionamento estético dos dentes anteriores, sendo o seu objetivo fornecer informações que possam auxiliar nas suas reorganizações e reestruturações, quando esses dentes tiverem que ser reposicionados e/ou restaurados. Cada paciente tem o seu próprio diagrama de referência, que é determinado pelos dentes e estruturas adjacentes. Esse parâmetro geométrico não deve ser visto como imutável, mas como um guia útil para a obtenção de melhores resultados estéticos nos tratamentos odontológicos.
Com a utilização do DRED poderão ser visualizados:
· Simetria;
· Eixos dentários;
· Limite do contorno gengival;
· Nível do contato interdentário;
· Bordas incisais;
· Proporções dentárias;
· Linhas do sorriso.
Simetria
Os pares de dentes anteriores devem ser simétricos, em uma vista frontal. Isto é, o incisivo central superior direito deve ser do mesmo tamanho do incisivo central superior esquerdo, e assim respectivamente, para os incisivos laterais e caninos. Além disso, devem estar posicionados simetricamente; com a linha média da face coincidindo com a linha média dentária.
As caixas do DRED servirão para dar a noção de simetria. Como cada dente será representado por sua respectiva caixa, maus posicionamentos e desproporções de tamanho serão facilmente identificados. O ideal será sempre que as caixas do lado direito (incisivos lateral, central e canino direito) sejam um espelho das caixas do lado esquerdo.
Eixos dentários
As inclinações e angulações dos dentes anteriores correspondem aos eixos dentários. Embora existam muitas medidas-padrão para esses eixos, cada tratamento deve obedecer ao padrão morfológico e estético do paciente15,16. Uma informação importante é que os dentes anteriores, assim como os posteriores, apresentam uma angulação positiva do eixo vestibular da coroa clínica. Isto é, a porção oclusal do eixo vestibular se posiciona mesialmente à porção gengival. Além disso, as angulações devem aumentar a partir dos incisivos centrais superiores para os caninos superiores. O contrário ocorre com as inclinações, onde a partir dos incisivos centrais superiores, elas diminuem em direção aos caninos.
Limite do contorno gengival
O limite do contorno gengival deve seguir como referência o tamanho dos dentes anteriores, sendo que os limites dos contornos gengivais dos caninos devem estar mais altos do que os incisivos laterais e, mais ou menos, na mesma altura dos incisivos centrais superiores. O limite do contorno gengival será representado pelo Zenith gengival (ponto mais apical do tecido gengival). Entre o eixo vestibular da coroa clínica e o Zenith gengival haverá uma interseção, criando um ponto de referência.
Bordas incisais
As bordas incisais dos dentes anteriores devem criar uma forma de “prato fundo”, onde os incisivos centrais se posicionam mais inferiormente aos incisivos laterais e caninos.Linhas do sorriso (avaliação dinâmica)
Acrescentando os limites labiais, pode-se fazer uma avaliação dinâmica da estética bucal durante o sorriso, na qual os dentes guardam uma relação harmoniosa com a posição e forma dos lábios, criando-se as linhas do sorriso. Uma exposição de incisivos superiores, durante o sorriso, variando de 30% a 70% nos homens e 70% a 100% nas mulheres, será considerada normal. Conforme o avanço da idade do paciente, o lábio superior cresce e perde a mobilidade e ocorre uma menor exposição dos dentes superiores. O inverso ocorre com os dentes inferiores. Quanto mais velho o indivíduo, maior a exposição dos dentes inferiores. Quando o paciente sorri, o ideal seria que o lábio superior expusesse todas as coroas dos incisivos superiores e 1mm de gengiva. A exposição gengival de 2 a 3mm também é esteticamente aceitável. A exposição completa dos incisivos superiores nem sempre ocorre. O sorriso pode ser considerado baixo, médio ou alto, conforme a exposição desses. Os extremos são sempre preocupantes, do ponto de vista estético. A exposição acentuada dos incisivos superiores provoca o “sorriso gengival”. A falta de exposição causa o seu envelhecimento.
Em geral, é a forma do lábio inferior e as bordas incisais dos dentes anteriores superiores e inferiores que criam um arranjo agradável ou desagradável do sorriso. O importante é que o plano incisal superior e a forma do lábio inferior, durante o sorriso, mantenham uma relação harmoniosa. Essa harmonia é representada pelo paralelismo do arco formado pelas bordas incisais e oclusais dos dentes superiores com a borda superior do lábio inferior. Essa configuração varia com a idade. Conforme a idade avança, a forma de “prato fundo” vai se alterando, dando lugar a uma nova forma de “prato raso” ou de “prato fundo invertido”. Isto é, a direção das bordas incisais é uma linha reta ou uma curva. O desgaste das bordas incisais, com o tempo, cria essas novas formas. O conhecimento dessas características cria a possibilidade de rejuvenescer ou envelhecer o sorriso. A alteração das “formas do prato” possibilitará esse efeito. Proporções dentárias
Teoremas matemáticos, tal como a “proporção áurea” e a “percentagem áurea” têm sido propostos na determinação dos chamados espaços mésio-distais. Embora a proporção áurea seja um interessante objetivo a ser alcançado, nem sempre os pacientes apresentam essa proporção. Nesses casos, o diagrama dentário serve para individualizar cada caso. Isto é, o resultado final deve proporcionar uma relação harmoniosa na visibilidade dos dentes anteriores. Na vista frontal, a visibilidade dos dentes deve ser decrescente, a partir dos incisivos centrais.
Fontes: