Uma paciente chegou
ao posto de saúde relatando dor de dente, ao examiná-la fiquei surpresa e lhe
disse: “esse dente que está doendo é um dente de leite!”, ela não acreditou.
Essa paciente tem 31
anos e ainda apresentava o dente 63. Contou-me que seu último dente de leite a
cair foi aos 16 anos (o dente 13). Ao exame clínico, o dente 63 apresentava leve
mobilidade, sensível ao toque e cárie. Com a radiografia foi verificado a
presença do dente 23 retido.
Não é incomum
pacientes adultos apresentarem dentes de leite em boca. Normalmente o período trocas dentárias ocorre até
por volta dos 12 anos de idade.
Se o dente de leite estiver
firme, saudável, bem harmonizado com o restante da arcada dentária e o paciente não se incomodar com a
aparência “infantil” do dentinho, ele pode permanecer ali por toda a vida.
Entretanto, o mais comum é que este dente amoleça, por não suportar as cargas
mastigatórias, tornando-se mais frágil, sendo pequeno em relação aos outros dentes
permanentes, causando problemas mastigatórios e ortodônticos.
O mais indicado é que o dente de leite que
não caiu seja extraído e substituído por um implante, que
reabilita permanentemente as funções de fonética, mastigação e estética da boca.
No caso da minha
paciente o dente permanente está ali! Ele se formou! E então o que fez este
dentinho de leite permanecer por tanto tempo?!
Ao examinar a paciente que me procurou, notei um aumento de volume
na gengiva por vestibular, logo acima do canino decíduo.
Dentes permanentes inclusos podem provocar consequentemente a permanência do decíduo. A alteração no período normal de erupção do dente permanente pode ocorrer por diferentes fatores etiológicos, de origem local, ambiental ou genética.
Esta anormalidade de
erupção deve ter ocorrido por uma retenção vestibular do canino permanente,
devido à falta de espaço (discrepância negativa), provocando a retenção
prolongada do canino decíduo. Minha conduta foi orientá-la que se tratava de um
dente de leite e que o permanente estava ali; fiz a exodontia do 63 e a
encaminhei ao ortodontista para avaliar a possibilidade de posicionamento do 23
em seu devido lugar com tracionamento ortodôntico. Espero poder acompanhar este caso e publicar aqui os resultados para vocês!