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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pastas Dentais – Dentifrícios

São compostos desenvolvidos para realizar a higiene oral e garantir a integridade funcional e conservação dos dentes. Antigamente eram usados caules e raízes para terem atividade abrasiva devido às fibras de celulose, além de conter, na maioria dos casos compostos com atividade adstringente e aromatizante. As fórmulas foram evoluindo e foram criados os primeiros dentifrícios que se apresentavam em pó. As primeiras pastas surgiram por volta de 1873 nos EUA.

As primeiras marcas a aparecerem no mercado foram COLGATE, nos EUA, e FLORISAL, na Alemanha. Eram obtidas em frascos, para depois, em 1896 a COLGATE lançar o dentifrício em bisnaga. Seu preço equivalia a dois dias de trabalho de um operário, e ao ser reconhecida por seu uso contínuo obrigatório para limpeza dental, teve uma maior concorrência de marcas e conseqüentemente uma diminuição do preço.

Função:

Agente auxiliar na escovação, visando à limpeza dos dentes. Ajuda na limpeza de superfícies acessíveis dos dentes, retirando manchas e detritos e dificultando a formação de placa dental.
A efetividade da remoção de placa bacteriana é 70% maior quando se usa dentifrício. Além disso a formação de uma nova placa é reduzida em 45% com o uso do creme dental. Embora o dentifrício não seja indispensável para a remoção de placa, tem-se comprovado sua importância para garantir a limpeza e o polimento dental.

Qual a quantidade de pasta ideal?
A quantidade de pasta só tem relevância quando se trata de crianças com menos de 6 anos, que podem ingerir dentifrício involuntariamente ao escovar os dentes. Uma quantidade pequena deve ser usada, para reduzir a ingestão de flúor. Recomendamos a técnica transversal; ao invés de se colocar pasta em toda a extensão da escova, cruza-se esta com o dentifrício. Isso é particularmente importante quando as crianças também bebem água fluoretada. Assim, serão reduzidos os riscos de se adquirir fluorose dental.

Quais os tipos de flúor e sua concentração na pasta?
A adição de uma ou outra forma de flúor na pasta (as mais comuns são o NaF e o MFP) varia de acordo com o tipo de abrasivo que esta contém. Não se recomenda o uso de cremes dentais com concentração de flúor abaixo de 1000 ppm, pois a sua eficiência ainda não está comprovada (1000-1100 ppm são o ideal). Já os que apresentam mais de 1100 ppm de flúor garantem que, mesmo havendo uma certa inativação do flúor (em casos de produtos cuja validade está vencida), uma quantidade significativa para o controle da cárie será mantida.

Existe diferença na abrasividade das pastas?
Existem dentifrícios de abrasividade baixa, média e alta. Deve-se enfatizar que um abrasivo no dentifrício é fundamental para garantir a limpeza e o polimento dental. Desgaste e abrasão dental estão mais relacionados com o modo de escovar, o tipo de escova, as substâncias ácidas (refrigerantes, enxaguatórios, frutas) consumidas ou usadas antes da escovação do que com o poder intrínseco do abrasivo.


Classificação dos Dentifrícios:

Anti-Cárie: são os mais simples, contendo em sua fórmula o flúor que pode variar até 1500 ppm F. Sua função é limpar os dentes, a presença do flúor favorece o processo de remineralização do esmalte dental do dente com lesão de cárie ou mesmo reduzir a perda de mineral do esmalte de dentes íntegros. Pode ser indicado para todos os pacientes adultos. O flúor do dentifrício aumenta em 2 vezes a capacidade da saliva em repor o mineral na superfície do esmalte desmineralizado, ( Cury, 2002).
A legislação brasileira, através de uma porataria da vigilância sanitária, normatizou a quantidade mínima efetiva dos produtos que apresentam flúor (dentifrícios e enxaguatórios) desde 1989.

Anti-placa: tem o objetivo de reduzir a formação de placa dental. Auxilia os pacientes que não conseguem manter a saúde periodontal através da remoção mecânica da placa bacteriana. A substância antiplaca bacteriana depende da sua concentração e tempo de ação.
O componente ativo é o Triclosan que associado ao Copolímero ou ao Zinco, potencializa sua eficácia. Esta associação tem aprovação da ADA e do FDA. Os dentifrícios anti-placa podem contribuir para o controle da periodontite (Cury, 2002).

Anti-Tártaro: são aqueles que em sua composição, contém o Pirofosfato, Zinco, ou Copolímero. O dentifrício não remove o cálculo dental, mas interfere no seu mecanismo de formação. O tártaro deve ser removido pelo CD. Não será evitada a nova formação de tártaro, mas será reduzida de 20 a 50%. O Pirofosfato deixa o tártaro mais poroso, mais facilmente removido pelo clínico.

Dessensibilizantes: utilizados em pacientes que apresentam uma hipersensibilidade dentinária, respondendo com uma sensação de dor exagerada a um estímulo que normalmente não causariam este desconforto em dentes normais. Estes estímulos seriam térmicos, químicos como alimentos ácidos, condimentados, açúcar, sal; mecânicos, como escovação e jatos de ar.
Na fórmula destes dentifrícios há substâncias que obliteram os canalículos dentinários abertos através da precipitação de proteínas e cristais de cálcio nos túbulos. Os agentes ativos são o cloreto de estrôncio, nitrato de potássio e atualmente há outros em pesquisa.

Branqueadores: estes estão mais relacionados aos abrasivos para remoção das manchas extrínsecas, satisfazendo o usuário esteticamente. Entretanto devemos lembrar que o acúmulo de manchas nos dentes está relacionada a pigmentação da película adquirida, que só conseguimos removê-la com abrasivos enquanto o biofilme é removido com a escova. Outro fator está relacionado a dieta do indivíduo.


O conhecimento da formulação dos dentifrícios se constitui um aspecto fundamental da clínica odontológica. As diferenças farmacológicas fazem com que os dentifrícios tenham suas indicações terapêuticas precisas.
O CD deve avaliar seu paciente, indicar o dentifrício ou mesmo uma combinação de produtos de forma individualizada.
Os interesses comerciais neste mercado são positivos quando incentivam os indivíduos a praticarem a higiene oral, contudo, os dentifrícios não substituem remoção mecânica do biofilme que é realizado através da escovação, e não é por si só o responsável pela limpeza e prevenção das doenças orais.